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BRUNO: PAIXÃO PELA VIDA E PELA CONTABILIDADE

Por: João Ker

BRUNO: PAIXÃO PELA VIDA E PELA CONTABILIDADE

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Ex-funcionário da Aeronáutica, onde serviu por 8 anos na “Área de Intendência”, Juracy Bruno dos Santos tem nas ciências contábeis a plenitude da sua vida profissional e um hobby que transpõe esse papel e pode ser encarado como uma paixão: a dança de salão.

Juracy Bruno dos Santos é um baiano natural de Ilhéus, terra consagrada por Jorge Amado e presente no recente imaginário brasileiro graças à refilmagem da série Gabriela. Aos 63 anos, ele conta que veio para o Rio ainda cedo, com pouco mais de 1 ano de idade, o que o torna “praticamente um carioca da gema”. Chefe do Departamento de Liquidação de Despesas da UFRJ (PR3) há 12 anos e funcionário da casa há 20, ele já adianta: “Eu gosto do que faço aqui. É um serviço complicado, mas eu gosto mesmo”. Seu primeiro nome, que ele não gosta de usar, foi uma homenagem do pai ao ex-governador da Bahia, Juracy Magalhães. Mas, ao contrário do tenentista de pulso forte e temperamento explosivo, Juracy Bruno, ou só Bruno, é um cara simpático e de bem com a vida, que ama o trabalho e mantém uma relação próxima com seus colegas.

Bruno tem um espírito de lutador, daquelas pessoas que correm atrás do que querem. Apesar de achar que se acomodou um pouco no cargo que ocupa como funcionário público, – ele chegou a fazer concurso, mas a falta de tempo para os estudos foi um empecilho no caminho – foi graças à sua perseverança que ele conseguiu chegar aonde chegou. Mesmo não conseguindo ser aprovado no concurso, ele teve a audácia de tentar, coisa que poucos no seu lugar teriam e que por si só já é um mérito. Após cursar o ensino superior em Ciências Contábeis com bolsa do governo, através de um crédito educativo (uma espécie de ProUni que existia na época), Bruno dedicou os anos seguintes da sua vida à carreira militar, tomando conta da parte burocrática da Aeronáutica, conhecida como “Área de Intendência”.

Logo em seguida, Bruno trabalhou sob a pressão de empresas privadas (como os bancos Citibank e PanAmericano), onde ficou por 13 anos para, finalmente, passar em um concurso e ter a segurança merecida de um cargo como funcionário público. Hoje, ele é responsável por todos os processos e despesas da faculdade, concedendo ou negando o aval para os pagamentos. “Aqui não tem essa de dar um jeitinho. Ou está nos conformes ou não acontece”, conta. Além da graduação, Bruno ainda achou tempo para terminar sua pós em Finanças Públicas há dois anos, também com a ajuda do governo. “Foi sacrificante por ser aos sábados, mas o retorno valeu a pena”, diz, fazendo referência ao pequeno aumento de salário que acompanha o diploma.

Mas nem só de trabalho vive esse Ilheense radicado no Rio. Quando perguntado o que costuma fazer no tempo livre, ele responde um pouco tímido e um pouco envaidecido ao mesmo tempo: “Ah, o pessoal daqui diz que eu sou dançarino, né”, brinca enquanto olha para a colega de trabalho. E o que ele dança? “Dança de salão, num geral. De tudo: forró, bolero, salsa, samba…”, ri, já deixando a timidez de lado e deixando transparecer que é mesmo o pé-de-valsa como é conhecido. Esse envolvimento com a música, por sinal, parece estar no DNA da família, uma vez que o filho de Bruno, com 26 anos, segue a carreira de músico. “O negócio dele é ser artista”, conta o paizão orgulhoso.

Apesar de ser apaixonado pelo trabalho, Bruno já pensa na aposentadoria: “No final de 2014 eu me aposento, se tudo der certo”. E nada de achar que ele vai se aposentar e abandonar o pessoal da PR3. Pra isso, ele se espelha na mãe: “Minha mãe foi um grande exemplo que eu tive. Quando ela se aposentou, continuou vendo as amigas do trabalho e saía com elas direto. E eu aprendi com ela, pretendo sim manter contato.” E os planos pra quando a hora chegar? Bruno continua se espelhando na mãe, que já conheceu quase a América do Sul inteira: “Pretendo viajar bastante! Viajar e aproveitar o tempo que me for permitido”, comenta ele, já imaginando a diversão que vêm por aí.