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Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador (CPST)

Abril Azul: Mês de Conscientização Sobre o Autismo

CPST publica informativo sobre visibilidade ao Transtorno do Espectro Autista (TEA)

CPST Informa

Enfermeiro Jairo Nogueira

O abril azul foi criado pela Organização das Nações Unidas com o intuito de conscientizar as pessoas sobre o autismo, assim como dar visibilidade ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo a Organização Mundial de Saúde uma em cada 160 crianças no mundo tem TEA.

O transtorno do Espectro Autista é um transtorno no desenvolvimento neurológico, caracterizado por dificuldades na comunicação, interação social e pela presença de comportamentos e ou interesses repetitivos ou restritos. O TEA tem origem nos primeiros anos de vida da criança. Na maioria dos casos, os sintomas do TEA são consistentemente identificados entre 12 e 24 meses de idade, porém o diagnóstico ocorre em média aos 4 ou 5 anos de idade.

São sinais sugestivos no primeiro ano de vida: perder habilidades adquiridas como balbucio ou contato ocular, não se voltar para sons, ruídos ou vozes no ambiente, baixa atenção a face humana (preferência por objetos), demonstrar maior interesse por objetos do que por pessoas, não seguir objetos e pessoas próximas ao movimento, apresentar pouca ou nenhuma vocalização, não aceitar o toque, não responder ao nome, baixa freqüência do sorriso e reciprocidade social, incômodo incomum com sons altos, etc.

A prevalência do TEA é maior em meninos do que em meninas, na proporção de cerca de 4 para 1. Estima-se que em torno de 30% dos casos apresentam deficiência intelectual.

O TEA é frequentemente associado a outros transtornos psiquiátricos, como: transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, depressão, ansiedade.O TEA é causado por uma associação de fatores genéticos e ambientais. Sabe-se que a taxa de ocorrência é maior entre gêmeos idênticos do que em gêmeos fraternos. Apesar dos fatores genéticos serem importantes, eles não atuam sozinhos, sendo sua ação influenciada ou catalisada por fatores de risco ambiental, como: idade avançada dos pais no momento da concepção, a negligência extrema dos cuidados da criança, a exposição a certas medicações durante o período pré-natal, o nascimento prematuro e baixo peso ao nascer.

Assim que se reconhecer que uma criança apresenta atrasos ou desvios no desenvolvimento neuropsicomotor, ela deve ser encaminhada para avaliação e acompanhamento com médico especializado em desenvolvimento neuropsicomotor com avaliação de um neuropediatra ou psiquiatra infantil.

Com o rápido aumento da prevalência do autismo, muitas famílias tem tido dificuldade em obter o diagnóstico em tempo hábil para que o início das intervenções e de suporte especializado seja iniciado. Alterações na comunicação social, linguagem e comportamentos repetitivos entre 12 e 24 meses tem sido recomendado como identificadores precoces para o autismo. Esses sinais são identificados pela maioria dos pais a partir do primeiro ano de vida, porém muitas dessas crianças só terão o diagnóstico do autismo na idade pré-escolar ou até mesmo escolar.O diagnóstico tardio contribui para o atraso no tratamento e prejuízos no desenvolvimento global da criança.

O diagnóstico tardio tem sido associado a diversos fatores como: baixa renda familiar, etnia, pouco estímulo, pouca observação sobre o desenvolvimento das crianças por parte dos pais, profissionais de saúde, educadores e cuidadores. A crença de familiares e profissionais de saúde de que “vamos aguardar o tempo da criança”, mesmo ela apresentando atrasos evidentes é um dos fatores que interferem diretamente na detecção precoce.

Para se ter um diagnóstico adequado é necessário uma equipe multidisciplinar e informações coletadas por todos que fazem parte da rotina e convívio da criança, principalmente familiares, cuidadores e os professores na escola.

Em estudo recente realizado no Brasil, as mães apontaram que as suas primeiras preocupações observadas no desenvolvimento atípico de suas crianças foram: atraso na linguagem verbal, falha em responder ao seu nome, falta de contato visual e agitação. Essas preocupações iniciais aconteceram em uma média de idade de 23,6 meses e o diagnóstico formal só foi estabelecido próximo aos 6 meses, o que representa um atraso significativo de 36 meses.

A maioria das mães (79%) do estudo supracitado buscaram ajuda com cerca de 3 meses do início das suas preocupações e o profissional procurado foi o pediatra (84,2%). Isso demonstra o quanto os profissionais da pediatria são importantes no rastreio e direcionamento de qualquer desvio do desenvolvimento e comportamento, independente da fase em que a criança foi avaliada.

A Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Pediatria em seu documento científico Triagem precoce para Autismo/Transtorno do Espectro Autista (Departamento Científico do Desenvolvimento e Comportamento de 2017) enfatiza que toda criança seja triada entre 18 e 24 meses de idade para o TEA, mesmo que não tenha sinais clínicos claros e evidentes deste diagnóstico ou de outros atrasos do desenvolvimento.

Em outubro de 2017 foi sancionada a Lei número 13.438, onde passa a ser obrigatória a aplicação de instrumento de avaliação formal do neurodesenvolvimento a todas as crianças nos seus primeiros dezoito meses de vida.

Tratamento

O tratamento padrão-ouro para o TEA é a intervenção precoce, que deve ser iniciada assim que houver suspeita ou imediatamente após o diagnóstico por uma equipe interdisciplinar. Consiste em um conjunto de modalidades terapêuticas que visam aumentar o potencial do desenvolvimento social e de comunicação da criança, protegendo o desenvolvimento intelectual, reduzindo danos, melhorando a qualidade de vida da criança e diminuir a angústia da família.

O estabelecimento de um vínculo entre o paciente, a família e o pediatra é muito importante no diagnóstico, visto que a qualidade das informações pode repercutir positivamente na forma como os familiares enfrentam o problema, encorajando-os a realizar questionamentos e a participar na tomada de decisão quanto ao tratamento.

Equipe Interdisciplinar

Os principais pilares são a família, a equipe de educação e a de saúde para a condução adequada das crianças com TEA com o objetivo de aprendizado e modificações comportamentais trabalhadas por uma equipe interdisciplinar que envolve: psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, educadores físicos.

Fontes:

  1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Transtorno do Espectro do Autismo. Manual de Orientação. Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento. Número 05, abril de 2019.
  2. https://www.gov.br/hfa/pt-br/abril-azul-mes-de-conscientizacao-sobre-o-autismo.