Categorias
Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador (CPST) Destaques Notícias Saúde

UFRJ transforma a relação com a saúde do trabalhador por meio do Programa de Gerenciamento de Riscos

Universidade avança na implementação do PGR, aliando cuidado, inovação e pioneirismo.

Em tempos de desafios crescentes na saúde do trabalhador, a UFRJ vem mostrando que é possível ir além das obrigações legais e transformar a forma como se pensa a segurança no ambiente de trabalho. Com o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), previsto pela Norma Regulamentadora n°1 e implementado pela Divisão de Vigilância em Saúde e Segurança do Trabalho (DVSST/CPST/PR4), a universidade tem criado um novo padrão institucional: técnico, sim — mas também humano, cuidadoso e comprometido.

A partir de uma metodologia inovadora de avaliação, a equipe identifica, analisa e atua sobre os riscos no ambiente de trabalho — físicos, químicos, biológicos, ergonômicos, de acidentes e, de maneira pioneira no setor público, psicossociais. À medida que os riscos são identificados, as ações já começam a ser sugeridas a partir de um plano de ação apresentado para cada unidade avaliada.

O programa foi oficialmente iniciado em novembro de 2023. Desde então, já chegou a 11 unidades da UFRJ e tem impactado positivamente a vida de muitos servidores. Com um caráter preventivo, seu foco está na promoção de ambientes de trabalho mais saudáveis, seguros e humanos, o que resulta em uma mudança na Cultura de Segurança, com impacto real no dia a dia das pessoas.

Equipe da DVSST: Diretora/DVSST, Gisele Barbosa, a Coord/CPST, Angela Grey, os Técnicos em segurança do trabalho: Emelay Bispo, Danielle Chaves, Daiane Serafim, Paula Ramos, André Correia, Jonias Franklin, João Leal, André Vidal, Alessandro do Casal, a Eng. Seg. do trabalho, Lucia Teixeira, as Médicas do trabalho Luciana Ribeiro e Ligia Sobral e a Assistente administrativa Claudia Cristina.

Riscos psicossociais: pioneirismo 
e responsabilidade institucional

Um marco importante do PGR da UFRJ foi a adoção da avaliação de riscos psicossociais, iniciada oficialmente em junho de 2025, com um projeto-piloto realizado no SiBi da Praia Vermelha. A UFRJ é a primeira instituição federal a aplicar sistematicamente a avaliação psicossocial em seu plano de gerenciamento de riscos. Com base na ISO 45003:2021, essa etapa envolve a análise de 17 dimensões, como ritmo de trabalho, pressão, carga mental, assédio, entre outros. Os resultados são trabalhados pelas unidades que estão sendo avaliadas, tendo como ponto de partida os inventários de riscos, estruturados pela DVSST e quando há ocorrência de casos mais delicados, os servidores podem ser encaminhados para o SAPS, que dá prosseguimento ao acompanhamento psicossocial.

Ao integrar esses fatores ao PGR, a UFRJ tornou-se a primeira instituição pública do país a reconhecer e enfrentar de forma estruturada os impactos emocionais e sociais do ambiente de trabalho na saúde dos seus servidores.

Integrantes da equipe do PGR em evento organizado pela FIRJAN “Riscos Psicossociais: o que as empresas devem saber”

Planejamento e metodologia

O PGR é estruturado de forma sistemática: após a abertura de processo no SEI, há contato com a direção da unidade, sensibilização da equipe, aplicação dos instrumentos e apresentação dos resultados em um inventário, acompanhado da sugestão de um plano de ação.

A coleta dos dados para o PGR ocorre por meio da identificação dos riscos (físico, químico, biológico, ergonômico e de acidente) dos ambientes, realizadas pela equipe da DVSST.

Quanto ao levantamento dos riscos psicossociais, é realizado através da aplicação de questionários anônimos, segmentados por Grupos Homogêneos de Exposição (GHE), o que permite entender as condições reais de trabalho dos servidores. Os dados são quantificados, analisados com critérios técnicos a partir de uma metodologia e de ferramentas próprias, desenvolvida pela integrante da equipe do PGR, Danielle Chaves, Técnica de Segurança do Trabalho. Essa metodologia está alinhada às Normas Regulamentadoras do MTE e a NBR ISO 45003:2021 e outras diretrizes, assegurando rigor científico e conformidade com padrões nacionais e internacionais de gestão dos riscos psicossociais.

A execução do programa é feita bienalmente e segue critérios técnicos para a priorização das unidades, como gravidade de ocorrências, notificações externas e histórico de adoecimento. As direções das unidades são envolvidas desde o início do processo, com reuniões, orientações e apresentação executiva do plano de ação. A duração de cada ciclo varia de acordo com o porte da unidade – de dois a oito meses, em média.

Mais do que números: uma cultura de cuidado

É importante ressaltar que o PGR não está associado à avaliação pericial ou relacionado aos adicionais ocupacionais. A iniciativa do programa marca uma mudança de paradigma na abordagem institucional sobre segurança e saúde do trabalhador.

“Estamos deixando para trás uma lógica centrada apenas em adicionais ocupacionais e assumindo um papel ativo e preventivo na promoção da saúde e na melhoria das condições de trabalho”, destaca a equipe da DVSST.

A conversa com a equipe da DVSST, responsável pelo Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), revela algo que vai muito além de planilhas, normas técnicas e procedimentos: em cada visita realizada a equipe leva formação, sensibilização, compromisso, escuta, e, sobretudo, cuidado.

Resultados concretos e reconhecimento

Em cerca de um ano, o PGR foi implementado em 11 unidades. A equipe do PGR cresceu de 4 para 11 profissionais e os processos vêm sendo otimizados. Pequenos ajustes — como a altura de uma cadeira, o posicionamento de um monitor ou a forma como a equipe é ouvida — estão fazendo diferença concreta na vida das pessoas, os servidores relatam alívio de dores, maior conforto e uma nova percepção sobre o ambiente de trabalho, indicando que se sentem mais cuidados e acolhidos, o que fortalece a cultura de segurança e bem-estar no ambiente de trabalho.

“Temos tido retornos bastante positivos sobre as ações que estamos realizando. Quando encontramos um servidor que já passou pelo PGR, as palavras têm sido de agradecimento.
Estamos sendo vistos como parceiros na promoção da saúde e do bem-estar e isso é muito significativo”, revela a equipe, refletindo o orgulho de todos os envolvidos na execução desse trabalho, que vem sendo desenvolvido de forma séria e eficiente – trabalho este que é, em parte, fruto de iniciativas próprias dos servidores da DVSST e de muita vontade de fazer a diferença em prol de uma cultura de trabalho mais segura e acolhedora para todos.

Desafios e avanços

Como todo projeto de grande escala, o PGR também enfrenta desafios. Em algumas unidades, há resistência inicial, ligada a percepções antigas sobre o papel da área de saúde do trabalhador. Em outros casos, há limitações logísticas e de infraestrutura. Mas, mesmo diante dessas dificuldades, o apoio institucional tem sido fundamental. A Reitoria, a PR4 e a direção da CPST têm reafirmado o compromisso com o programa e com a saúde do trabalhador, o que está possibilitando sua implementação e ampliação.

Está em desenvolvimento, em parceria com o servidor da área de TI, Emílio Dias, um módulo interno voltado à sistematização da coleta e do armazenamento dos dados. A iniciativa tem como propósito institucionalizar o método adotado, além de facilitar a análise dos riscos, a elaboração do inventário e o monitoramento dos planos de ação. O objetivo é tornar o programa ainda mais eficiente e sustentável.

Nos próximos meses, o foco estará na conclusão dos ciclos em unidades em andamento — como às que se situam no campus da Praia Vermelha e CAP, localizado na Lagoa—, na expansão para novas unidades e na primeira rodada de revisões, prevista para o ano de 2026. Também será fortalecida a articulação com os Exames Periódicos – que voltaram a ser realizados após 28 anos – criando um fluxo integrado entre diagnóstico, prevenção, intervenção e cuidado clínico.

Mais do que um conjunto de procedimentos técnicos, o PGR simboliza uma mudança de paradigma na UFRJ: a saúde e o bem-estar dos servidores passam a ser uma prioridade estratégica da gestão. Ao adotar práticas inovadoras e preventivas, a universidade coloca a escuta, o respeito e o cuidado no centro das decisões, indo além do cumprimento de normas legais. Trata-se de um compromisso ético e humano, que fortalece a cultura de valorização de todos aqueles que fazem a UFRJ acontecer no dia a dia.