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Por dentro da PR4: conheça a Divisão de Cadastro

Com apenas 5 servidores, eles são os responsáveis por informações de mais de 25 mil pessoas (incluindo ativos, inativos e pensionistas). Desde a posse até a aposentadoria, a Divisão de Cadastro está presente. Na prática, o contato é sempre com outras divisões (Admissão, Aposentadoria, Direitos e Deveres), mas a responsabilidade por incluir os dados no sistema é do Cadastro.

Da esquerda para a direita: Adriele Ribeiro, Moizés Guanabara, Israel Giovannetti, Bárbara Pereira e Fernanda Capri. Foto: arquivo pessoal

Ao ingressar na Universidade via concurso público as informações do servidor são implantadas no Siape pela Divisão de Cadastro. Ao longo da vida funcional, diversos outros dados são incluídos ou alterados, tais como: casamento/divórcio, nascimento de filhos, inclusão/exclusão de dependentes, mudanças de telefone e endereço. Até mesmo a morte do servidor precisa ser lançada no sistema para que familiares possam receber a pensão.

Todos esses dados tratados somam, em média, 1400 por mês. Mesmo com tanta pressão e responsabilidade, o diretor da Divisão Moizés Guanabara não perde o bom humor. Sempre alegre e com uma risada histriônica marcante conhecida por todos da PR4, ele desabafa: “Se a gente não rir nos momentos que temos de intervalo a gente não consegue levar isso aqui.”

Nós precisamos ter muita idoneidade, muita responsabilidade. É claro que todos os servidores precisam de idoneidade, mas precisamos de muita atenção e foco. Às vezes, por causa de uma informação errada a gente bagunça toda a vida do servidor. Tem muita gente que vem aqui pedindo ajuda e nós temos esse lado humano também. Então, a gente ajuda e ensina. Tem muito servidor que fica super grato e liga agradecendo, diz que colocou nosso nome em oração… É muito gratificante.

Moizés Guanabara

Todo esse cuidado precisa ser redobrado em função do alto número de golpes. Se por um lado, a digitalização dos sistemas trouxe agilidade para a execução dos processos, por outro, facilitou as fraudes. Guanabara faz um alerta aos servidores para que mantenham sempre seus dados pessoais atualizados.

FUJA DO GOLPE!
Como ocorrem as fraudes?   Os criminosos monitoram os e-mails que não são mais acessados, mas ainda constam na base de dados do Sougov.   Com o acesso a esses e-mails, autorizam empréstimos em instituições financeiras e assinam digitalmente utilizando os e-mails dos servidores.   Os criminosos trabalham juntamente com pessoas que têm acesso ao sistemas de financeiras para viabilizar os empréstimos rapidamente.   Então, é fundamental estar sempre com e-mail e celular atualizados.  

Confira abaixo a entrevista com o diretor da Divisão de Cadastro Moizés Guanabara.

Como é o trabalho na Divisão?

São seis sistemas com os quais a Divisão trabalha: Siape, E-siape, Sirhu, Sei, Sougov e Sigac. Às vezes, para validar a informação de um servidor é preciso passar por três sistemas. Tudo que é feito gera um log (registro de quem faz). Então, temos que ter muita atenção e cuidado porque fica tudo gravado com o nome de quem fez.

Só para você ter uma ideia, no mês que saiu a matéria da Adufrj  (https://www.adufrj.org.br/index.php/pt-br/noticias/arquivo/21-destaques/5171-pr-4-destrava-266-progressoes-docentes) sobre as progressões docentes, nós fizemos 604 progressões (266 de professores e mais 338 de técnicos).

Incentivo à qualificação, progressão por mérito, afastamentos, lançamento de gratificação por encargo de curso ou concurso, tudo isso passa Divisão. Atos que impactam diretamente no financeiro dos servidores e geram muita ansiedade nos interessados. As pessoas querem saber quando irão receber, se já será no próximo mês ou não. Mesmo com greve ou paralisação, sempre alguém do cadastro precisa estar trabalhando.

Uma vez eu pedi para ir ao evento de recepção dos novos servidores porque eu sei das esperanças que as pessoas depositam aqui dentro. Quando a pessoa entra na UFRJ, ela tem a expectativa de que vai poder proporcionar uma vida melhor para a família, vai ter mais estabilidade financeira. Então, nesses eventos eu falo sobre a importância dos dados serem informados corretamente. Às vezes, um erro bobo pode gerar atraso no pagamento. A conta bancária precisa ser conta pagamento, o endereço precisa estar correto… Muitas vezes as pessoas já fazem dívidas contando que irão receber, então é preciso muita atenção no lançamento desses dados.

Quanto aos processos judiciais, eles também passam pela Divisão de Cadastro?

Em alguns casos, o processo passa para anotação porque já tem uma determinação judicial no caso do servidor que vai receber alguma verba indenizatória. Mas também passam os piores processos: é o caso do apenado (preso) e da expulsão por processo administrativo disciplinar. É preciso fazer o lançamento e é muito triste. Existe desde a falta de frequência e até crimes (contra a honra, contra a pessoa). Junto com isso precisamos lançar os falecimentos também. Durante a COVID, nós recebíamos muita certidão de óbito. E era muito triste porque em alguns momentos a gente se deparava com pessoas que a gente conhecia. Pessoas que tinham acabado de se aposentar.

Quantos servidores trabalham na Divisão?

As pessoas pensam que o Cadastro da UFRJ é composto por vários servidores em uma sala imensa, mas não é essa a realidade. Nós somos cinco servidores atualmente. E eles precisam ter alguma expertise em informática e programação para que tudo funcione corretamente. Alguns “robôs” (programas de software que executam tarefas automatizadas, repetitivas e pré-definidas) são necessários para que tudo seja executado corretamente. Um desses computadores que tenho aqui é só para rodar robô.

Quanto tempo o servidor leva para aprender o trabalho?

Ao entrar na Divisão, o servidor ou a servidora leva, em média, de seis a oito meses para adquirir o domínio das principais operações. E mesmo assim, algumas funções são executadas apenas por mim. São muitas telas, mnemônico para decorar, histórico da administração pública…

Você gasta 6 meses para treinar o servidor e aí ele está apto a trabalhar. E, além disso, você tem que dar sorte da pessoa ter o perfil do ambiente de trabalho. Aqui é rotina. O sistema muda, uma ordem vem alterando a dinâmica. Desde o meio da pandemia até hoje, nós perdemos 3 pessoas. Nós tínhamos o José Paulo que era a conexão com o sistema antigo e o sistema novo. Perdemos o José Paulo, a Sheila,  a Sarah. Vamos perder o Israel. É uma realidade complicada.

Nós sofremos muito com a falta de pessoal. É uma realidade que afeta o Executivo Federal pois os salários são mais baixos que os dos outros poderes. As pessoas são aprovadas para cá, mas continuam estudando e, em pouco tempo, são chamadas para tomar posse em outros lugares.

A Divisão de Cadastro, que já chegou a ter onze servidores, agora conta com apenas cinco. E esses onze trabalhavam numa época em que ainda não existia toda a informatização de hoje. A velocidade com que os processos chegam avançou muito. A cobrança hoje é muito maior. Os servidores podem acompanhar os processos via Sei e fazer cobranças via sistema de ticket.

Moizés Guanabara

Como ocorre a atualização dos servidores do setor?

É trocar o pneu com o carro andando. A mais nova mudança foi o sistema de cotas. O sistema não pedia cotas e agora o sistema pede. Ao implantarmos no Siape o servidor que toma posse, precisamos informar se é não-cotista ou cotista (racial ou PCD).

Desde quando você trabalha na Divisão?

Eu entrei no Cadastro em 2018. Fui chamado pela antiga Pró-reitora para organizar o fluxo de trabalho. Não adianta termos servidores qualificados se o fluxo não for organizado. As tarefas precisam ser executadas do início ao fim sem interrupções. Pode ser a melhor pessoa, se ela interromper uma tarefa no meio, aquilo ali se perde e já era. E, se não tivermos muita atenção, podemos atrapalhar a vida do servidor.