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Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador (CPST) Institucional

Por dentro da PR-4: Conheça a Seção de Atenção Psicossocial (SAPS)

A Seção de Atenção Psicossocial (SAPS), parte integrante da Divisão de Atenção à Saúde do trabalhador (DAST) da CPST, é composta por uma equipe multidisciplinar que tem a função de acolher, apoiar e construir a referência para os servidores da UFRJ (técnicos-administrativos em educação e docentes) que enfrentam dificuldades vinculadas ao campo do trabalho e/ou relacionadas a outras questões que envolvam a saúde mental.

A equipe atual conta com sete integrantes: um psiquiatra, uma enfermeira, quatro psicólogas e uma assistente social. Destes, apenas um psiquiatra e duas psicólogas atuam exclusivamente na SAPS.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Saúde Mental pode ser considerada um estado de bem-estar vivido pelo indivíduo, que possibilita o desenvolvimento de suas habilidades pessoais para responder aos desafios da vida e contribuir com a comunidade. O bem-estar de uma pessoa não depende apenas do aspecto psicológico e emocional, mas também de condições fundamentais, como saúde física, apoio social, condições de vida. Além dos aspectos individuais, a saúde mental é também determinada pelos aspectos sociais, ambientais e econômicos.

A saúde mental não é algo isolado, é também influenciada pelo ambiente ao nosso redor. Isso significa que deve-se considerar que a saúde mental resulta da interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Pode-se afirmar que a saúde mental tem características biopsicossociais. Entender a saúde mental como algo que envolve o corpo, as emoções e a forma como interagimos ajuda a ver que todos têm um papel importante em cuidar do bem-estar de todos, cuidando de nós mesmos e apoiando uns aos outros.

O sofrimento emocional e os transtornos mentais/comportamentais relacionados ao trabalho são ocorrências multifatoriais desencadeadas por condições e situações presentes nos ambientes e nos processos de trabalho. Derivam de uma conjunção de fatores ou situações de risco psicossociais oriundas do modo como o trabalho está organizado, e influenciam negativamente em aspectos como a forma de divisão das tarefas, o ritmo de produção, as políticas de gerenciamento das pessoas e a estrutura hierárquica organizacional.

A SAPS conta com três programas: Acolhimento e construção de referência em saúde mental dos trabalhadores da UFRJ; Assistência em saúde em saúde mental dos trabalhadores da UFRJ; Apoio institucional à saúde mental no trabalho da UFRJ.

Funcionamento da SAPS:

Todos os trabalhadores da UFRJ podem buscar o acolhimento em qualquer caso de sofrimento ou de dificuldade que estejam vivenciando. Valorizamos que a referência ao serviço possa se estabelecer através da recepção oferecida.

Na SAPS, o primeiro momento é qualificado como Acolhimento. Procura-se escutar, em um atendimento individual, a questão que levou o servidor a buscar e/ou a ser encaminhado. Por meio de acordo de cooperação técnica com o Instituto de Psiquiatria (IPUB), a SAPS conta com um Polo de Atenção à Saúde Mental do Trabalhador da UFRJ (Polo-PRASMET), que integra a rede de cuidados ofertados aos trabalhadores cujas situações estejam relacionadas ao campo de trabalho e à saúde mental.

O acolhimento pode ser resolutivo após alguns encontros, mantendo-se ainda a referência à SAPS e possibilidade de retorno do servidor. Em outros casos, podem ser necessárias articulações internas e externas à UFRJ, com encaminhamentos e trabalhos em conjunto, sempre privilegiando o Sistema Único de Saúde (SUS) através das Clínicas da Família e demais instrumentos da rede, quando for indicado tratamento. É preciso considerar que questões em saúde mental são complexas, algumas precisam de assistência específica, outras não, e que as respostas podem se diversificar, em rede, não havendo uma instância única que dê conta dessa complexidade.

Por conta disso, ao longo dos anos, a atuação da SAPS foi ampliada para ações de apoio institucional, para as quais são construídas estratégias específicas de trabalho, a partir de uma situação singular ou coletiva. Algumas ações que compõem este programa são: realização de visitas ao local de trabalho, emissão de laudos e pareceres, organização de uma série de encontros – cada situação deverá ser avaliada a cada vez.

Com o trabalho desenvolvido no acolhimento e na assistência, a Seção também contribui para que sejam construídos indicadores da CPST para intervenção no campo da saúde mental e trabalho na UFRJ.

Acesso ao Acolhimento SAPS

Presencial:

UFRJ – Ilha do Fundão

Sede da Coordenação de Políticas de Saúde dos Trabalhadores da UFRJ (CPST)

Segunda a sexta, das 9 às 14 horas

UFRJ – Campus Praia Vermelha

IPUB – Instituto de Psiquiatria da UFRJ

Telefone: (21) 3938-0500 RAMAL 242

(ambulatório CIPE Novo)

Segunda-feira, das 9 às 14 horas

Online:

acolhimentosaps@pr4.ufrj.br  (para o servidor)

acolhimentosaps_gestores@pr4.ufrj.br (para o servidor em posição de gestor)

A partir desse contato é enviado um formulário e agendada a entrevista de acolhimento, que poderá ser presencial ou remota (por telefone ou vídeo)

Histórico: do Polo de atenção à saúde mental de trabalhadores da UFRJ à SAPS

O PRASMET – Programa de Atenção à Saúde Mental do Trabalhador – desenvolve pesquisas e ações na área de saúde mental e trabalho desde 1994, ligado ao OTSAM/IPUB – Programa Organização do Trabalho e Saúde Mental. Em 1998, a partir da  aprovação e contratação pela UFRJ de psiquiatras recém-doutores que foram lotados na DVST (atual CPST), foi ampliada a interação e intercâmbio entre essa unidade e o IPUB.

No decorrer desse trabalho foi identificada a necessidade da criação de um programa de atenção em saúde mental dos trabalhadores da UFRJ que pudesse ampliar e qualificar as ações, integrando de forma mais proveitosa os recursos disponíveis em ambas as unidades da Universidade.Sendo assim, foi elaborada a proposta de criação do “Polo de Atenção à Saúde Mental dos Trabalhadores”, com uma equipe multidisciplinar composta por psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais, celebrando-se em 28 de março de 2003 a assinatura de um Acordo de Cooperação e Intercâmbio Técnico-Científico entre Divisão de Saúde de Trabalhador (atual CPST) e o Instituto de Psiquiatria da UFRJ.

Cabe ressaltar que com a assinatura deste acordo se ratificou uma assistência que sempre privilegiou a atenção aos servidores da UFRJ, formalizando a vinculação institucional à CPST/UFRJ. Deste modo a equipe multidisciplinar constituída passou a contar, formalmente, com servidores da CPST/UFRJ, garantindo assim, por um lado um corpo assistencial estatutário e, por outro, a submissão deste trabalho a uma direção clínica construída através do percurso do Programa.

Desde março de 2003, foram mais de 2.000 servidores recebidos no Acolhimento. Destes, 92 em 2022; e 170, de maio de 2023 até junho de 2024. Na assistência, com cerca de 1280 entradas de prontuários clínicos nos arquivos do Ambulatório do IPUB, inseridos na assistência do Polo-PRASMET. Atualmente, seguem em tratamento no Polo-PRASMET, em torno de 250 a 300 servidores da UFRJ. Esse trabalho é sustentado por uma direção que, há mais de vinte anos, trabalha com uma interseção entre clínica, ensino e pesquisa, ou seja, além de prestar uma escuta qualificada aos trabalhadores em grave sofrimento psíquico, visa também uma capacitação continuada dos profissionais que atuam no serviço, assim como a capacitação de profissionais que se interessem por esta prática. Capacitá-los não para se tornarem especialistas em saúde mental do trabalhador, mas sim profissionais que levem em conta e estejam preparados para lidar com o campo da relação entre saúde mental e trabalho.

Tendo em vista o exposto, ou seja, o pragmatismo de um programa de qualidade frente a crescente demanda em problemas relacionados à saúde mental e trabalho na UFRJ e a necessidade de ampliação e institucionalização das ações desenvolvidas pelo Programa, em 2016 foi constituída a Seção de Atenção Psicossocial, contando com a mesma equipe do Polo-PRASMET – criação que, finalmente, foi formalizada como UORG neste ano de 2024.

Confira mais detalhes sobre a Seção na entrevista realizada com a psicóloga Vanessa Klein, servidora da Saps.

Quando ocorre a procura pela sua Seção?

A busca pela SAPS ocorre quando existe a percepção de algum mal estar de ordem psicossocial, que pode se apresentar como sofrimento psíquico. O servidor pode chegar ao acolhimento por demanda espontânea, orientado por colegas, chefes ou encaminhado pela perícia (DPST/CPST). O servidor em posição de gestor pode buscar orientação para lidar com situações psicossociais de sua equipe.

Quais são os profissionais que realizam atendimento?

Os atendimentos do programa Acolhimento SAPS (inicial e subsequentes) são realizados por assistentes sociais, enfermeiros ou psicólogos. A equipe da SAPS já passou por diversas composições, sempre com integrantes da CPST e do IPUB. Atualmente contamos com uma psicóloga do IPUB na equipe, os demais integrantes são da CPST.

Como o tratamento é realizado?

O programa Acolhimento SAPS oferece uma escuta qualificada para as situações que são recebidas e há uma reunião técnica semanal da equipe multiprofissional que discute e avalia o encaminhamento para cada caso. Diversas questões podem ser resolvidas nesse âmbito. Algumas precisam de ser acompanhadas pelo Acolhimento SAPS por um tempo, para um suporte no período que atravessam – sempre é importante a construção de uma referência com a equipe. Nem todo mal estar psíquico implica a necessidade de tratamento. Muitas vezes essa escuta ajuda o servidor a encontrar caminhos para lidar com seu estado, que pode ser motivado por uma situação pontual, uma perda, o enfrentamento de dificuldades no campo profissional, de relações sócio-familiares ou de saúde.

Muitas vezes, a equipe técnica avalia que há necessidade de articulação dos problemas que aparecem num quadro de sofrimento psíquico individual atendido no Acolhimento SAPS com questões da organização do trabalho. A SAPS sustenta trabalhos interequipes na UFRJ – tais com a DART/PR4 – e propõe conversas com os gestores, quando necessário.

Qual é o tipo mais comum de acometimento a trabalhadores da UFRJ? Seria a síndrome de Burnout?

Tanto no âmbito do Acolhimento SAPS, quanto no do Polo-PRASMET, tomamos a saúde mental como um conceito biopsicossocial e, a partir dos atendimentos, além de abordar o aspecto da vida laborativa, outros aspectos de saúde do servidor são considerados, podendo se produzir encaminhamentos tanto para uma orientação no acolhimento da Seção de prevenção e promoção em saúde do trabalhador (SEPS), quanto para outras avaliações de saúde.

Quando é avaliada a necessidade de indicação, ou há demanda, para tratamento psicológico e/ou psiquiátrico, o integrante da equipe que está recebendo o servidor faz o encaminhamento, que pode ser externo ou interno.

Sustentamos a orientação de que todos nós, mesmo aqueles que têm plano de saúde, se inscrevam na Clínica da Família, para poderem ser atendidos pelo SUS. Àqueles que estão inscritos em um plano de saúde suplementar, ajudamos a chegar ao tratamento no respectivo plano, assim como oferecemos indicação de clínicas sociais. Também houve situações que encaminhamos para tratamento em Centro de atenção psicossocial (CAPS).

Dentro do princípio de manter a referência ao servidor, procuramos acompanhar sua chegada ao tratamento externo.Quando há avaliação de que se trata de um caso grave ou complexo, cujo sofrimento esteja vinculado ao trabalho, há possibilidade de inserção no Pólo-PRASMET. Dentre esses, a maioria são quadros de depressão e ansiedade, dado congruente com o das licenças por motivo de saúde concedidas pela CPST.

Por mais que o diagnóstico de Burnout esteja em evidência quando se fala em adoecimento relacionado ao trabalho, outros quadros sintomáticos também podem ter essa relação. Por isso se busca, no Acolhimento SAPS, atender a questões que já se manifestam como sofrimento, sem que necessariamente se caracterizem como um transtorno psiquiátrico já estabelecido, para os quais se supõe que a inserção em um tratamento seja a única resposta possível.

Qual a duração média dos tratamentos realizados?

O tratamento no polo-PRASMET é ambulatorial, realizado no ambulatório do CIPE Novo, no IPUB-UFRJ e/ou online. Sua frequência e duração variam de acordo com o quadro clínico e o momento do tratamento: alguns se mantêm por anos, outros por alguns meses. Outros, ainda, são posteriormente encaminhados para dar seguimento em um local externo.